segunda-feira, 21 de julho de 2014


Muhammad Yunus: "Dar dinheiro para os pobres mascara a miséria"

Para o prêmio Nobel da Paz de 2006, o estímulo ao empreendedorismo é mais eficaz para resolver a pobreza.

JOSÉ FUCS E MARCOS CORONATO

INOVADOR O prêmio Nobel Muhammad Yunus, fotografado na semana passada em São Paulo. Ele tentou, mas não conseguiu trazer seu banco ao Brasil durante  o governo Lula (Foto:  Marcelo Min/Fotogarrafa/ÉPOCA)



ÉPOCA – Hoje, o senhor não está mais à frente do Grameen. O que aconteceu?
Yunus –
Aposentei-me e saí do banco há dois anos. Continuo envolvido em outros negócios sociais que criei, em paralelo ao Grameen Bank. O Grameen e o microcrédito se tornaram muito populares. Todo mundo queria conhecer o assunto, fazer críticas, procurar respostas. Então, não tinha oportunidade de falar sobre os demais negócios sociais. Agora, posso me dedicar mais a eles.
ÉPOCA – Como o senhor vê a tentativa do governo de Bangladesh de estatizar o Grameen Bank?
Yunus –
Eles estão tentando assumir o controle, mas os tomadores de empréstimos, que são os controladores do banco, com 95% do capital, resistem. Até o momento, o governo não teve sucesso em sua iniciativa, mas há muito apoio internacional para mantê-lo sob o controle dos tomadores de empréstimos.
ÉPOCA – Como o senhor recebe as acusações de que cometeu irregularidades na gestão do banco?
Yunus –
É muito triste. O governo queria me tirar de lá e buscava pretextos para isso. Essas acusações não foram provadas por ninguém. Eles fizeram uma auditoria no meu Imposto de Renda, para buscar irregularidades. Não acharam nada. Paguei cada centavo que tinha de pagar. Depois, disseram que tirei dinheiro do Grameen para financiar outros negócios sociais. Em toda a minha vida, e ainda hoje, nunca tive uma única ação de uma companhia criada por mim, em Bangladesh ou em outro lugar. Criei muitas empresas, mas todas foram criadas para resolver problemas sociais.
  ÉPOCA – Qual sua avaliação dos resultados obtidos pelo Grameen Bank em Bangladesh?
Yunus –
O Grameen foi muito bem. Hoje, 37 anos depois de sua criação, ele se espalhou por todo o país. Temos 8,5 milhões de tomadores de empréstimos, 97% dos quais são mulheres. O banco empresta cerca de US$ 1,5 bilhão, e a inadimplência é de apenas 3%. Tentamos garantir também que as crianças das famílias dos tomadores de crédito frequentem a escola e não sejam analfabetas como seus pais – e fomos bem-sucedidos nisso. Elas concluíram o ensino básico, seguiram no ensino médio e algumas foram para a faculdade. Além do microcrédito, o Grameen oferece também empréstimos para a educação, para cobrir os custos do ensino superior e evitar o abandono de cursos por falta de recursos para pagar as mensalidades. A taxa de juro do microcrédito é de 20% ao ano; e a de empréstimos para educação, de 5%. O estudante só começa a pagar depois de se formar e conseguir um emprego. Hoje, há centenas de milhares de crianças que estão na escola e na faculdade com o apoio do Grameen. Elas se tornam médicos, engenheiros e seguem outras carreiras.

ÉPOCA – O senhor disse que hoje está envolvido com outros negócios sociais. Que negócios são esses?
Yunus –
Em 1997, criamos uma companhia de telefone que levou o celular a 260 mil pessoas de baixa renda, em mais de 50 mil comunidades da zona rural. Temos também uma empresa de eletricidade, que já levou a energia solar a mais de 1 milhão de casas. Esses são negócios sociais autossustentáveis. O governo tentou criar obstáculos para o desenvolvimento dessas empresas, mas elas se desenvolveram bem e começaram a investir em novos negócios sociais. Temos ainda uma escola para formar enfermeiras e um hospital de olhos, além de uma empresa criada em parceria com a Danone, em 2006. Essa empresa, a Grameen Danone, produz iogurtes com muitos nutrientes que faltavam à dieta das crianças da zona rural de Bangladesh. Eles são vendidos no varejo por um preço acessível de US$ 0,14 o copo de 60 gramas. Segundo o presidente executivo da Danone, Emmanuel Faber, o desenvolvimento desse iogurte vendido a preços populares foi o maior desafio de inovação que a companhia já teve.
ÉPOCA – O que distingue esses negócios de um negócio tradicional ou de uma ONG?
Yunus –
A principal diferença é que, num empreendimento social, os donos criam o negócio para resolver um problema. O lucro é um meio, não o fim. Os donos decidem, desde o princípio, que nunca receberão dividendos. Ele recebe um pró-labore, como em qualquer empresa. Mas é um negócio sem fins lucrativos, criado para resolver problemas sociais, como se fosse uma organização não governamental (ONG). A diferença é que os negócios sociais são autossustentáveis e têm o dinamismo e a eficiência dos negócios tradicionais. Os negócios convencionais são feitos para gerar lucro aos acionistas, não para resolver o problema de alguém.
ÉPOCA – Mas eles não resolvem problemas com seus produtos e serviços?
Yunus –
Talvez sim, talvez não. Há certos produtos, como o tabaco, que não resolvem problema algum. Eles criam um problema.
ÉPOCA – Uma rede de fast-food não resolve um problema ao vender um sanduíche por um preço acessível?
Yunus –
Se o produto causa males à saúde, ela cria e não resolve um problema. Um negócio social não quer prejudicar ninguém. Os negócios tradicionais têm o objetivo de maximizar o lucro. São voltados para o ganho individual, para o acúmulo individual de riqueza. Não somos máquinas de fazer dinheiro. Somos mais que isso. Temos outras dimensões. Há uma dimensão que não é voltada para nós mesmos, mas para os outros, para o coletivo – e os negócios tradicionais não atendem essa outra dimensão. O modelo atual do capitalismo não é suficiente para nos satisfazer como seres humanos, porque não contempla todas as nossas dimensões.

sábado, 31 de maio de 2014

O AMOR MUDA O MUNDO( Mardonio Barros)

O AMOR MUDA:
O foco
O tempo
A percepção
O AMOR NUTRE:
a esperança
o desejo
a parceria
O AMOR ACALMA:
o peito
o sujeito
a explosão
O AMOR MUDA:
o Mundo
o homem
a relação


sexta-feira, 30 de maio de 2014

MUDA MUNDO: Nosso manifesto é a ação!


"Amar e mudar as coisas
Me interessa mais
Amar e mudar as coisas
Amar e mudar as coisas
Me interessa mais..."  ( ALUCINAÇÃO - 
Belchior)

O MUDA MUNDO objetiva ser uma forma de organização voltada para a reflexão e desenvolvimento de ideias que contribuam para a melhoria do planeta. A proposta irá promover o intercâmbio, a reflexão, a criação e a execução de ações que gerem impactos sociais.
A Organização pretende abrigar iniciativas distintas, porém complementares, que possam gerar uma força sinérgica que seja capaz de produzir impactos relevantes na vida das pessoas. Para isso, atuará no desenvolvimento de empreendimentos sociais, culturais e ações de preservação do meio ambiente.
O Muda Mundo irá atuar na realização de eventos; na proposição/elaboração de projetos; na criação de empresas junior e outros modelos de empreendimentos sociais; e na criação de espaços de reflexão, produção e difusão de conhecimento.
Sua atuação é abrangente, tanto no público, como nos temas. Conta, nessa primeira fase, com uma participação expressiva de estudantes universitários, ativistas da área social, produtores culturais e lideranças comunitárias.
O grupo acredita que é urgente e necessário juntar pessoas, mobilizar recursos e contribuir com a cultura de participação social efetiva.
O que temos feito para melhorar o mundo? Qual é a nossa prática? Como usamos nosso tempo para combater as injustiças, o preconceito e as desigualdades? Essas e outras questões éticas e humanitárias movem os membros do Muda Mundo.

A felicidade, o tempo a vida necessitam de cuidado e promoção para que a violência, a indiferença e as desigualdades não possam prosperar.


Vamos juntos, vamos nessa Mudar o Mundo com nosso tempo, inteligência, amor e esperança.